Centro quis reforçar a luta pelos direitos humanos e a inclusão social
Marcando o início da Semana Antimanicomial e o Dia da Abolição da Escravatura, em 13 de maio, o CAPS Adulto II Cidade Ademar realizou um encontro artístico no formato de sarau.
O evento contou com a participação de usuários, familiares e profissionais do serviço, e teve como tema central a promoção de políticas de saúde mental antimanicomial e
antirracista.
Rodrigo Domingues, gerente da unidade, destacou a importância do movimento antimanicomial, que visa promover os direitos humanos, reformular as práticas de cuidado em saúde mental e valorizar a dignidade e autonomia dos indivíduos com transtornos mentais. “Historicamente, os manicômios eram conhecidos por práticas abusivas e desumanas. O movimento antimanicomial busca acabar com essas práticas e garantir que as pessoas com transtornos mentais sejam tratadas com respeito e dignidade”, ressaltou.
Ele explicou que a substituição dos hospitais psiquiátricos por serviços comunitários de saúde mental é essencial para que os indivíduos recebam tratamento em um ambiente mais acolhedor e próximo de suas comunidades. Além disso, um modelo de tratamento inclusivo e comunitário ajuda a reduzir o estigma associado às doenças mentais, facilitando uma maior aceitação e compreensão por parte da sociedade.
CONEXÃO COM A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
Domingues também destacou as conexões entre a luta antimanicomial e o movimento antirracista, ambos combatendo formas de opressão e exclusão social. “Historicamente, pessoas negras e com transtornos mentais foram marginalizadas e institucionalizadas em manicômios. Portanto, esses movimentos convergem na defesa da cidadania e da inclusão
social desses grupos”, explicou.
Nos meses de abril e maio, o Grupo de Trabalho da RAPS e o coletivo SANKOFA organizaram encontros na Região SACA para dialogar sobre a saúde mental da população negra e promover espaços de troca e conhecimento. Esses eventos culminaram no sarau de 13 de maio, que exibiu poesias, cartazes e músicas produzidos nos grupos terapêuticos do CAPS e do território, fruto do processo de reabilitação psicossocial.
MAIS ATIVIDADES
A Semana da Luta Antimanicomial continuou com uma ação em 16 de maio, envolvendo o CAPS AD, CAPS IJ Cidade Ademar, SRT I e SRT II. Este evento promoveu intensa interação entre usuários, familiares e profissionais, oferecendo à comunidade a oportunidade de conhecer melhor os serviços e permitindo que os usuários se manifestassem através da produção de faixas, cartazes, camisetas e músicas.
Na tarde do mesmo dia, foi apresentado o filme “Bicho de Sete Cabeças”, que faz uma crítica social contundente ao sistema de saúde mental, aos preconceitos sociais e às dinâmicas familiares. Através da história do personagem Neto, vivido por Rodrigo Santoro, o filme provoca reflexões profundas sobre a sociedade.
Finalmente, em 17 de maio, a Avenida Paulista foi palco de uma manifestação pela luta antimanicomial. O evento enfatizou o combate ao estigma, a defesa dos direitos humanos, a desinstitucionalização e a promoção de cuidados comunitários. “O intuito era empoderar as pessoas com transtornos mentais, educando a sociedade e influenciando políticas públicas para melhorar o bem-estar psicológico e a qualidade de vida dessas pessoas”, concluiu Domingues.