A campanha internacional “What Matters to You?” promovida pela organização Healthcare Improventent Scotland, tem o propósito de estimular conversas mais significativas entre profissionais de saúde e pacientes, aprimorar o cuidado de saúde com base no que realmente importa para o paciente. O INTS não pode ficar de fora, a campanha “O que Importa para você?”
O cuidado centrado na pessoa, começa com uma pergunta: O que importa para você?
Conheça as ações promovidas pelo INTS
Desde dezembro de 2017, a URSI, por meio de sua equipe Multiprofissional, insere em sua rotina de avaliação a pergunta “O que importa pra você?”.
Essa ação é desafiadora a qualquer profissional que se propõe a sair um pouco dos protocolos e dar escuta ao que realmente importa, é essa pergunta nem sempre vem acompanhada de uma resposta objetiva.
No serviço ambulatorial, percebemos que ao adquirir um vínculo, é que conseguimos identificar a real vontade ou necessidade do nosso paciente. Talvez o verdadeiro motivo pelo qual ele está ali, à nossa frente. Resolvemos dividir então, a história da nossa paciente Cleonice Rezende, de 87 anos.
A Dona Cleonice passou em avaliação de Fisioterapia na URSI em novembro de 2020. Idosa frágil havia sofrido uma queda e estava com dor em seu quadril esquerdo. A dor piorava quando ela caminhava um pouco mais, e ao passar da posição sentada para em pé era muito desconfortável. Dona Cleonice, estava desanimada e desmotivada com sua condição. Iniciou o tratamento fisioterápico e desde a primeira sessão foi incentivada a realizar os exercícios também em seu domicílio, mas como sentia dor, realizava de acordo com suas possibilidades e sem grande entusiasmo. Na terceira sessão de atendimento, chegou à sala de Fisioterapia, ainda com quadro de dor e com sua pressão um pouco mais alta que o habitual.
Recebeu todos os cuidados necessários para sua reabilitação física e contou que seu neto a tinha convidado para fazer trilhas e visitar cachoeiras na Chapada Diamantina e que ela precisava melhorar para poder realizar as trilhas. Era o que realmente importava pra ela. A fisioterapia, que já vinha promovendo a reabilitação física, passou a ter mais um objetivo, o objetivo mais importante: a preparação de Dona Cleonice para Trilhas na Chapada! Todo o protocolo de reabilitação passou a contar com as novas metas, o sobe e desce de uma trilha e a necessidade de resistência, força e um bom equilíbrio. A dupla então, terapeuta e paciente, seguiu motivada e após algumas sessões e muita dedicação e foco da “Dona Cleo”, as malas estavam prontas! Quatro meses depois de iniciar a fisioterapia, Dona Cleonice partiu para a viagem em família, para realizar aquilo que realmente importava pra ela naquele momento da vida.
No retorno da viagem, em sua sessão de reavaliação para alta, Dona Cleonice contou seu desempenho ao realizar 1h30 de trilha, seu banho de rio, a alegria de seus familiares e relatou:
“Há muito tempo eu não era tão feliz” … porque era isso que realmente importava pra ela!
E se importa pra Dona Cleonice, importa pra gente!
Agora, Dona Cleonice segue se preparando para a próxima trilha, em suas próximas férias.
A ESCUTA A BEIRA DO LEITO
No mês de março tivemos inúmeros pacientes internados na AMA Dorotéia. Por se tratar de casos de COVID não permitimos que familiares permanecessem o tempo todo com os doentes, mas muitos sentiam necessidade deste contato e sempre procuramos, de um jeito ou outro, ajudar para que isto acontecesse. Os que possuíam celular e sabiam utilizá-lo, faziam vídeo chamadas, outros viam os familiares rapidamente no corredor. Para alguns a enfermagem trazia gravações e vídeos de familiares, e vice-versa. Mas outros, muito idosos, ou com quadros de rebaixamento cognitivo, não tinham condições de utilizar tais recursos. Um dos casos mais marcantes foi o do Sr. Manoel Cardoso, 95 anos, paciente vindo de outra UBS. Chegou sozinho, de ambulância, confuso e bem debilitado. Ficou conosco quase uma semana e acabou entrando em cuidados paliativos aqui mesmo. Ele tinha rebaixamento cognitivo importante. Nenhum familiar veio procurá-lo, ou visitá-lo. Mesmo muito debilitado ele repetia um nome: “Fábio”. Era final de semana e a equipe de enfermagem não tinha como entrar em contato com a UBS de origem para buscar mais informações. Um dos enfermeiros, mais atento ao paciente, resolveu fazer uma busca nos sistemas e descobriu que Fábio era o nome do genro. Conseguiu o telefone de familiares do Sr. Manoel e pediu para que o genro Fábio viesse até a AMA. O Sr. Fábio veio e informou que toda a família estava com COVID, inclusive ele, que estava se recuperando da doença, por isso ninguém ainda tinha vindo ver o Sr. Manoel. A esposa, filha do Sr. Manoel, estava intubada no hospital. O Sr. Fábio viu o sogro que o reconheceu e, de imediato, suavizou o semblante. Sr. Fábio conversou com o sr. Manoel brevemente, dizendo que a filha dele estava bem, sendo tratada. Após a saída do Sr. Fábio passaram apenas 15 minutos para que o Sr. Manoel falecesse em paz. Ficou claro para a equipe o quanto foi importante ter feito aquela busca. Era importante para o sr. Manoel saber como estava a filha antes de partir. Apesar da situação, a equipe sentiu-se reconfortada em patrocinar aquele alento para o Sr. Manoel.
QUERO VER O SOL
Paciente internada há mais de sete dias pede para ver o sol, levamos até a área externa em cadeira de rodas.
AUXÍLIO ÀS FAMÍLIAS VULNERÁVEIS
Durante as visitas domiciliares foi questionado o que importa para você e a necessidade urgente foi de alimentos na despensa. Com isso, a unidade lançou um desafio às equipes de saúde, para cada equipe doar duas cestas básicas, direcionando às famílias mais necessitadas. A ação foi um estímulo a todos os profissionais e às lideranças locais que conseguiram a continuidade da ação com a doação de cestas básicas nos meses subsequentes.
VAI DAR TUDO CERTO
Os pacientes internados precisam de acolhimento e confiança.
Para proporcionar dias melhores, são contemplados com mensagens motivacionais, carinho e esperança em todas as refeições.